Até que ponto é possível falar com franqueza sem prejudicar a carreira?
Acertar a dose exata de sinceridade nas relações profissionais é algo complicado. se a mentira é eticamente condenável, o excesso de franqueza também pode ser prejudicial à carreira. Segundo o escritor irlandês Oscar Wilde (1854-1900), "pouca sinceridade é uma coisa perigosa, e muita sinceridade é absolutamente fatal". Em pesquisa com 200 profissionais brasileiros feita pela Michael Page, empresa de recrutamento de São Paulo, 40% deles acreditam que se forem verdadeiros no trabalho podem sofrer com as consequências. "É possível ser sincero na empresa tanto quanto é possível ser sincero na sociedade", diz Marcelo Cuellar, responsável pela unidade da Michael Page no Rio de Janeiro. Qual a medida certa de sinceridade? A resposta está num meio termo composto por sensibilidade, prudência e experiência. "Antes de sair dizendo o que pensa para todo mundo ouvir, a etiqueta corporativa diz que o melhor é estudar o ambiente e as relações", diz Marcelo.
A consequência para o sincero sem causa, antes da demissão, pode ser o rótulo de chato, sem noção ou excessivamente crítico, e isso pode prejudicar a carreira. "O profissional que regula mal a opinião vai começar a ser isolado e pode ser preterido, principalmente para vagas em cargos de liderança, que exigem um filtro mais rigoroso",diz Danilo Afonso, gerente de projetos e marketing do Instituto de Organização Racional do Trabalho (Idort).
Dentro do assunto sinceridade, outro deslize bastante comum na empresa é falar mais do que o necessário sobre a vida particular. Embora seja possível desenvolver laços de amizade com colegas de trabalho, isso não é a regra. A maioria das pessoas convive diariamente com colegas com quem tem uma intimidade apenas parcial, por isso abrir assuntos pessoais muito delicados pode ser bastante constrangedor."O ambiente de trabalho não é propício para falar de sua vida", diz José Augusto Figueiredo da consultoria de recolocação LHH/DBM.
Fonte: Revista Você S/A, maio 2012, edição 167, pág. 50/51.